Fomo pode ser o veneno da criatividade
São tantos livros, tantas fontes, tantos especialistas... Na falta da curadoria – e da escolha de estar por fora muitas vezes –, é a produção criativa que empaca
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Olho para meu app do Substack, que reúne um número propositalmente reduzido de assinaturas – que alternam-se em rodízio às vezes – e mesmo assim lá estão algumas dezenas de newsletters acumuladas. Os aplicativos nos quais compro/assino revistas e jornais, igualmente intocáveis. Em cada canto da minha casa, uma pilha temática de livros (ficção, saúde, escrita, católicos ou negócios) parece me chamar com uma voz baixinha: “estamos aqui, volte para nós”. O pior? Não é falta de tempo.
No mar de excessos em qual estou (estamos?) inserida, acabo em uma espécie de força contrária, que me repele de tudo que eu gostaria de fazer/ler/ver e me leva para mais uma temporada de scrolling na tela do celular. Sim, eu comecei 2025 me prometendo que, assim que eu colocasse em dia as pendências da minha rotina, eu iria me organizar para deixar telas sociais de lado em prol de (boa) leitura. Mas o que fazer se, três semanas depois do início das aulas, minha filha ainda nem tem o jaleco obrigatório das aulas de laboratório porque até entrar num site parece além do meu carisma?
Com tudo e tanto ao nosso redor – some as notícias, as tendências de comportamento do viciante Tiktok e, ufa, hoje ainda estreia a nova temporada de White Lotus; graças a Deus o BBB 25 não emplacou aqui! –, dar conta do simples, do básico, parece um esforço além de nossas possibilidades. Na era da distração permamente, quem resiste ao FOMO (fear of missing out, ou medo de perder algo importante) é rei! Invejo quem tem telefone sem internet, quem não usa redes sociais, quem é ungooglable. Trabalhar no digital já nos faz largar atrás nesta corrida da sanidade mental…


